Em 1995, a Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira iniciou a aventura de realizar uma semana dedicada a todas as pessoas que contam estórias, por vocação e com o coração. Nascia a Semana dos Contadores de Histórias. Inicialmente pensada para as escolas e para os mais pequenos, as propostas estenderam-se, ao longo dos anos, a outros públicos, a outras faixas etárias e às Bibliotecas Municipais de Alverca e da Póvoa de Santa Iria. Discretamente fomos caminhando... Somos hoje, em Portugal, provavelmente um dos certames mais antigos dedicados à narração oral. E porque quem conta um conto acrescenta um ponto, a Semana dos Contadores de Histórias deu lugar à Semana dos Contadores de Estórias.

Mais uma vez, contaremos com uma programação rica e diversificada, este ano dedicada ao tema do capacitismo e dos direitos das pessoas com deficiência.

O capacitismo é uma forma de preconceito estrutural (está tão entranhado em nós e na sociedade que nem damos por ele!) que discrimina e exclui pessoas com deficiência, subestimando as suas capacidades e desvalorizando as suas necessidades. Essa visão preconceituosa trata a deficiência como algo que diminui o valor de uma pessoa, reforçando barreiras que impedem sua plena participação na sociedade.

Além de afetar diretamente a autoestima e a saúde mental destas pessoas, o capacitismo restringe o acesso a direitos fundamentais, compromete a liberdade e perpetua desigualdades. Situações como a falta de acessibilidade, preconceitos no mercado de trabalho, a falta de representatividade nos vários setores da sociedade e a invisibilidade social são exemplos de como essa discriminação afeta a vida de milhões de pessoas.

O capacitismo faz mal à saúde, à liberdade e à vida. Como toda a forma de preconceito estrutural, ou se é parte do problema, ou se é parte da solução. É fundamental fazer a escolha certa e apoiar a inclusão e o respeito. Por isso, queremos contar estórias que possam contribuir para reconhecimento do papel de todas as pessoas na construção de sociedades coesas, solidárias e sustentáveis. Porque contar estórias é mais que entreter, é um trabalho de pensar, de escutar, de imaginar e de ler o mundo.